Canto do Mar
Ficha técnica:
técnica: Xilogravura à contrafibra
dimensões: 9 x 9,5 cm (imagem) / 15 x 15 cm (papel)
suporte: Papel Whenzhou 30g/m2
tiragem: não numerada
ano: 2012
Observações:
A fotografia aqui apresentada é de referência, assim a tonalidade do papel e da impressão podem variar um pouco em relação ao que se visualiza na tela.
Gravura excepcionalmente vendida sem numeração de tiragem.
A obra é enviada sem moldura, em um envelope rígido, com certificado de autenticidade assinado pelo artista.
Algumas das obras são impressas sob demanda e outras estão disponíveis para pronta entrega. Entraremos em contato para informar os prazos de entrega.
Mais informações sobre esta obra:
Obra da série Anel das Estações, composta de mais de 20 xilogravuras à contrafibra (de topo), impressas em papel japonês Gampi Student 30g/m2. É a primeira série de trabalhos do artista na gravura, e trazem imagens nascidas da descoberta e experimentação dessa linguagem. Esse tipo de gravura é realizado no topo de discos cortados do tronco da árvore, na horizontal, por isso a imagem final possui uma forma circular. A sua principal característica é possibilitar a gravação de detalhes muito pequenos e delicados, por causa da sua dureza e direção dos veios, que neste caso, estão atravessando o disco verticalmente (por isso, o termo “à contrafibra”). São imagens que nascem especificamente nesse contexto de diálogo com a matéria e com seus sinais naturais já presentes: anéis de crescimento, marcas de corte e uso, desenho do tronco e cascas. Algumas dessas obras foram expostas na Bienal de Gravura de Santo André em 2010, Bienal Internacional de Gravura de Santos e Bienal de Gravura Olho Latino, em 2011, Entreconversas: Coletiva Coletivos, Belém 2012, Galeria Gravura Brasileira em 2013 e na galeria da Universidade Presbiteriana Mackenzie em São Paulo 2014. A série, iniciada em 2010, permanece aberta e de tempos em tempos é retomada.
Sobre a série Caminho e Tempo
Rafael Kenji
Um diálogo com árvores
As árvores sempre exerceram grande fascínio. Ao olhar para minhas raízes, um dos raros registros fotográficos de minha família ainda no Japão mostra meus antepassados em frente a uma casinha simples de madeira, no meio de uma larga floresta. Uma foto de despedida, um agradecimento pela acolhida e um desejo de sorte, rumo a um mundo novo. Viveram da terra, assim como as gerações seguintes, deste lado do oceano, e tiveram um contato de muita sabedoria com a natureza.
Anel das Estações, iniciada em 2010, é a primeira série de imagens que realmente dedico como um fazer artístico imbuído de significação. São imagens nascidas no mergulho e experimentação da linguagem da xilogravura, movido pela curiosidade de revelar os desenhos naturais das árvores. Utilizo madeira proveniente de podas e de descarte de caçambas em São Paulo, o que faz com que cada impressão tirada seja uma espécie de instantâneo de sua história. Além de sinais naturais, anéis de crescimento, contornos de tronco, casca, furos de pragas e toda sorte de “imperfeições” abertas pelo tempo, também são encontradas feridas de corte e uso. Todas essas marcas aparecem e influenciam na concepção das imagens. É um material residual que traz consigo a conflituosa ideia de progresso. Cada árvore no contexto da metrópole insurge uma revolta ou resistência. Brotam de minúsculas fendas no concreto dominante e em questão de poucos anos atravessam verticalmente a paisagem. A semente carrega a potência de uma força que pode retomar o seu lugar a qualquer momento.
Pesquisas recentes mostram que sua aparente passividade só existe aos olhos de quem vive menos e mais rápido que elas. Complexas, crescem de uma demanda de dentro para fora e estão o tempo todo em locomoção, através do próprio crescimento. Possuidoras de memória cíclica, com estratégias precisas de adaptação e de reprodução. Sua revolução silenciosa, como afirma o neurobiologista das plantas Stefano Mancuso, está em suas raízes: cada micro ápice têm autonomia como indivíduo próprio e suas ações são levadas em consideração para o movimento da árvore toda, mesmo sem um sistema nervoso central. Como um enorme enxame de abelhas explorando o solo. Apresentando uma organização menos centralizada, mais cooperativa e menos hierarquizada, as árvores nos inspiram uma organização social mais eficiente e democrática. Verdadeiro progresso. Porque não ouvir o que elas têm a nos dizer?